Sobre as certezas e a Psicologia Analítica
- Patricia Cordeiro
- 16 de mai. de 2024
- 2 min de leitura

Existe uma frase de Jung que diz "A maior parte das pessoas prefere a certeza do que a verdade." e você sabe o que ele quis dizer com essa afirmação? Que nós seres humanos preferimos a certeza, onde há segurança e estabilidade por que tememos o incerto, a dúvida e o talvez. Buscamos a segurança e a estabilidade em crenças e convicções, muitas vezes às custas da verdadeira compreensão e do nosso crescimento pessoal.
Mas, afinal de conta do que falam as nossas convicções e certezas? Será que falam sobre nossas experiências de vida, vivências e conhecimento? Ou em verdade falam sobre as nossas fragilidades e nossa rigidez?
De acordo com os conceitos da Psicologia Analítica nossas certezas falam sobre um ego rígido, pouco aberto a diferentes possibilidades, mudanças e incertezas que a vida pode nos apresentar. Dentro desse contexto, "certezas" podem ser vistas como manifestações do ego que muitas vezes limitam a compreensão mais profunda do Self, sendo esse o nosso Si-mesmo, nossa essência.
Em vez de buscar certezas absolutas, Jung enfatizava a importância da flexibilidade, da ambiguidade e da aceitação das polaridades da vida. Ele via a jornada psicológica como uma busca contínua por significado e integração, onde a incerteza e a dúvida são partes inevitáveis do processo de crescimento pessoal.
Na perspectiva junguiana, as certezas são frequentemente vistas como frágeis devido à natureza fluida e multifacetada da psique humana; muitas das nossas certezas são influenciadas por complexos psicológicos, que são padrões inconscientes de pensamento, sentimentos e comportamentos que moldam nossa percepção do mundo.
Além disso, Jung enfatizava a importância do processo de individuação, no qual uma pessoa busca integrar e harmonizar as diferentes partes da psique para alcançar um estado de totalidade e autenticidade. Nesse processo, as certezas podem ser desafiadas e reavaliadas à medida que exploramos e confrontamos os aspectos desconhecidos e mais profundos de nós mesmos. Portanto, na perspectiva junguiana, reconhecemos a fragilidade das nossas certezas à luz da complexidade da psique humana e da constante busca pela totalidade e pelo crescimento pessoal.
Nossas certezas, por mais sólidas que pareçam, muitas vezes são construções frágeis moldadas pela percepção, experiência e contexto individual. Elas estão sujeitas a mudanças com novas informações, experiências ou perspectivas. O que consideramos certo hoje pode se revelar errado amanhã, à medida que o conhecimento avança e nossa compreensão do mundo se aprofunda.
A humildade diante da incerteza é essencial para o crescimento pessoal e intelectual, permitindo-nos questionar, explorar e adaptar nossas convicções sempre que necessário.
Sendo assim, talvez ter mais dúvidas do que certezas pode contribuir para que possamos nos abrir para o mundo e para a vida!