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O excesso de controle e o perfeccionismo

  • Foto do escritor: Patricia Cordeiro
    Patricia Cordeiro
  • 25 de abr. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 16 de mai. de 2024

mulher com controle remoto na mão, mídia gratuita do wix

O excesso de controle e o perfeccionismo aparecem frequentemente no consultório como fatores relacionados a muito sofrimento do ponto de vista emocional, especialmente para as mulheres. E, por isso, acho que cabem algumas reflexões a respeito.


O excesso de controle pode se apresentar por diversas razões, seja em função da necessidade de atender às expectativas externas, o famoso “dar conta de tudo” ou pelo medo do fracasso, onde podemos sentir que precisamos controlar tudo para evitar qualquer possibilidade de erro ou crítica. E daí vem o perfeccionismo que é uma tendência a definir padrões extremamente altos para si mesmo e a se esforçar para alcançá-los.


As mulheres, muitas vezes, carregam a crença de que devem ser impecáveis em todas as áreas de suas vidas, o que pode levar a um comportamento excessivamente controlador na tentativa de alcançar esses padrões irrealistas.


Outros aspectos como baixa autoestima ou falta de confiança em si também podem levar uma mulher a buscar o controle excessivo, como uma maneira de se sentir segura e valorizada.


Costumo dizer que a perda do controle pode representar uma "ameaça à vida" e como mecanismo de defesa tentamos controlar o ambiente, eventos futuros, nossas reações e emoções e até mesmo a dos outros!


Mas é importante reconhecer que o excesso de controle pode ter consequências negativas para o bem-estar psicológico, incluindo estresse, isolamento social e dificuldades nos relacionamentos.


Podemos até considerar que o controle alivia a ansiedade, aprisiona o medo, mas ele também tem o poder de limitar e represar a vida. E se a vida está em constante movimento e transformação, querer controlá-la é desgastante e pode trazer sintomas tanto emocionais quanto físicos.


É possível que haja a crença de que o controle possa permitir organizar e prever. “Pré ver”, ver antes, o que poderia nos proteger das emoções e afetos e assim sofrermos menos. Mas, em verdade, essa crença pode tornar a vida infértil, artificial e sem espontaneidade, onde a criatividade fica sem espaço. Com a intenção de ter os imprevistos sempre antecipados, a vida fica sem mistérios e sem surpresas. 


Se a vida é fluxo, movimento e transformação lutar contra isso talvez seja uma falta de reconhecimento de quem somos. E o distanciamento de nossos prazeres e necessidades pode tornar o fluxo da vida assustador e o controle acalma, em uma falsa ilusão.  

É certo de que há um lado em todos nós que se apavora com a possibilidade de as coisas serem diferentes do que planejamos porque a incerteza nos parece assustadora. Entretanto, a vida é incerta. E, se você parar para pensar um pouco, possivelmente as dores que você viveu, em verdade, nunca puderam ser controladas. Nossas dores estão sempre dentro de nós guardadas em algum lugar, mesmo que não as acessemos. E, se pararmos para pensar de forma mais aprofundada daremos conta de que apenas fizemos um esforço enorme para controlar o incontrolável, a vida.  


Se o controle advém do medo, reconhecer o que é tão assustador em nós, mergulhar nesse desconhecido fantasiado de controle talvez possa ser uma alternativa e um possível caminho para uma aproximação do Si-mesmo, para que possamos desenvolver uma relação consciente e equilibrada com os diversos aspectos da psique, permitindo um funcionamento psicológico mais harmonioso e uma vida mais leve.



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