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Ansiedade, de onde vêm as ameaças?

  • Foto do escritor: Patricia Cordeiro
    Patricia Cordeiro
  • 19 de mar. de 2024
  • 3 min de leitura
imagem gratuita wix mulher ansiosa com mãos na cabeça

A ansiedade é uma resposta natural do corpo humano que todos experimentamos em certos momentos da vida frente a situações percebidas como ameaçadoras ou desafiadoras. No entanto, quando a ansiedade se torna persistente, excessiva e interfere nas atividades diárias, pode ser sinal de um transtorno de ansiedade, que se caracteriza por preocupações intensas e persistentes, medos ou tensão excessiva em situações cotidianas. 


Quando nos sentimos incapazes de enfrentar e lidar com situações difíceis, o temor e o medo paralisam, antecipamos o porvir e acabamos sendo acometidos por uma doença.


Em alguns casos podem predominar os aspectos psíquicos em outros podem ser observados aspectos somáticos, ou seja, manifestações no corpo (soma) que podem se apresentar de diferentes formas.


Na Psicologia Analítica, as doenças psíquicas são compreendidas como distúrbios de processos normais, não sendo, por si próprio algo ruim ou bom, mas a transformação de uma história e vivência individual para uma experiência de sofrimento e angústia.


No caso da ansiedade o que se observa é a dominância de um padrão de comportamento de previsão de ameaça que se encontra dominante na consciência e frente ao qual reagimos com mecanismos de defesa.


O problema é que todas as nossas vivências de ameaça, desespero e desamparo tornam esse padrão de comportamento cada vez mais hábil em detectar ameaças e fazemos associações que interpretam ameaças a todo instante, mesmo o mínimo detalhe, esteja essa ameaça no presente, no passado (vivências) ou no futuro (antecipações). E, em função desse padrão de comportamento há um represamento do fluxo da vida o que causa os sintomas.


Segundo Jung a ansiedade decorre do esvaziamento do sentido da vida para o homem que, não conseguindo ampliar, compreender e dar sentido (do ponto de vista do sentir), a tudo aquilo que está se passando ao seu redor, se sente angustiado e ansioso.


O esvaziamento de sentido, aponta para a própria alma do indivíduo que busca não se corromper, mas, busca se restaurar através da torção sobre si mesmo (os sintomas), que se apresentam para que a pessoa tome consciência de que não está indo de encontro com aquilo que ela é.


O profundo racionalismo, as demandas para o servir “ao mundo do lado de fora”, por vezes fazem com que “nos esqueçamos de servir ao nosso mundo interno”, chorando nossas dores, rindo de nossas alegrias, celebrando nossas conquistas, lamentando nossas perdas e tristezas. Sufocamos o sentir, deixamos de ser aquilo que somos e assim, perdemos o sentido, nos afastamos de nossa “alma” que de acordo com Jung não tem um contexto espiritual, refere-se a nossa essência, ao que somos e que nos fazer sentir vivos.

Na Psicologia Junguiana podemos compreender a ansiedade a partir da dinâmica do inconsciente e da forma com que se lida com as demandas cotidianas, mais do que a mera eliminação dos sintomas ansiosos, na terapia o que se busca é compreender a dinâmica dos sintomas em relação às percepções de mundo do indivíduo, seja do ponto de vista racional (ego), mas especialmente do ponto de vista do inconsciente, sendo justamente esse o fantástico mergulho que se realiza no processo analítico.


Não é se livrar das ameaças, é trazer para a consciência as ameaças, conhecer quem e quais são elas! Reconhecê-las, se aproximar delas e assim “despotencializá-las”, ou seja, tirar a potência das ameaças, esse é o trabalho analítico.


A prática de atividades físicas, meditação, medicação, respiração podem contribuir para reduzir a tensão e os sintomas, porém, não favorecem a aproximação e conversa com essas ameaças como é possível em um processo de análise.

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